Autos
VICENTE, E AUTO DA COMPADECIDA, DE ARIANO SUASSUNA
Sâmara Rodrigues de Ataíde*
RESUMO
A maior pretensão deste trabalho é o resgate de dois autores representativos de uma importante riqueza cultural da língua portuguesa, na realização de uma crítica marcada pela irreverência social e pela genuína fé religiosa.
Palavras-chave: Irreverência Social. Gil Vicente. Ariano Suassuna.
Especialista em Lingüística e Literatura Comparada – UFV
E-mail : webmaster@psicanaliseebarroco.pro.br
A irreverência social nas obras Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente, e Auto da Compadecida de
Ariano Suassuna
O presente trabalho está inserido em uma proposta mais ampla, de monografia de final de curso de Especialização em Lingüística e Literatura Comparada, concluída no ano de 2004, na Universidade Federal de Viçosa, MG, cuja maior motivação foi o resgate de dois autores que representam uma importante riqueza cultural da língua portuguesa em uma expressiva irreverência social.
Os autos, peças de caráter religioso, que se constituem, geralmente, em alegorias sobre o conflito entre a virtude e a dissipação moral, remontam sua tradição ao final da Idade Média. E o teatro do dramaturgo português Gil Vicente mostra, sobretudo em Auto da barca do inferno, o conflito entre os vícios e as virtudes em uma série de peças em que ridiculariza as crenças supersticiosas, as orações maquinais e as indulgências religiosas.
No auto vicentino, a sátira social se liga de modo nítido ao objetivo da edificação espiritual, colocando-se a questão da salvação post mortem. Dessa forma, um mundo de certezas eternas, como o lugar reservado no paraíso, para os que foram humildes e caridosos no plano terreno, entra em conflito com um mundo transitório de luxo e de prazeres imediatos, bipartindo-se a alma oscilante entre esses dois pólos, o espiritual e o temporal.
Entre as personagens apresentadas, as únicas a