Automação de base microeletrônica e organização do trabalho na indústria metal-mecânica
1. Introdução;
2. A utomação e flexibilidade nos processos mecânicos de fabricação;
3. Automação e flexibilidade na linha de montagem;
4. Considerações finais.
Automação de base microeletrônica e organização do trabalho na indústria metal-mecânica Benedito Rodrigues de Moraes Neto
Professor de economia e organização do trabalho na Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo.
1. INTRODUÇÃO
Encontramo-nos atualmente em um momento de grande mudança tecnológica ao nível de processos produtivos industriais em função da aplicação da microeletrônica. É tão intensa a transformação técnica recente, que é comum a referência a uma Terceira Revolução Industrial, a Revolução Microeletrônica, Como não poderia deixar de ser, em se tratando de progresso tecnológico ao nível dos processos, o que se observa é um grande salto no grau de automação industrial, com a introdução da chamada automação de base microeletrônica. Esse fato tem originado fundadas preocupações sobre os impactos da automação, fundamentalmente sobre o nível e a composição do emprego.
Ao verificarmos esse impacto da automação industrial, ficam-nos, todavia, as seguintes questões: não é a automação algo imanente à própria grande indústria?
Quando da Revolução Industrial, a introdução maciça da maquinaria (basicamente no setor têxtil) não gerou as mesmas discussões a respeito do emprego da força de trabalho? 1 Os autores clássicos já não trataram
Rev. Adm. Emp.
exaustivamente da questão da automação e de seus impactos sobre a organização do trabalho e a sociedadetSe tudo isto foi escrito a partir de transformações tecnológicas operadas no século XVIII, como podemos entender o ressurgimento dessa preocupação no último quartel do século XX? Em outras palavras, se a indústria, a partir da emergência do princípio da maquinaria (ou, o que é o mesmo, da automação) na segunda metade do século XVIII, tivesse desenvolvido de forma contínua (ainda que não de