automação
Benedito Rodrigues de MORAES NETO2
RESUMO: Os requerimentos de qualificação para o trabalho nos modernos sistemas produtivos automatizados sob base microeletrônica podem ser tomados como negação da colocação marxista de crescente desqualificação do trabalho ao longo do desenvolvimento tecnológico. Procura-se neste trabalho fazer uma crítica a essa visão, através de uma busca ao conceito de desqualificação do trabalho em Marx. Ao realizar essa busca, e ao trazer a reflexão para o momento presente, chega-se à proposição de que o que se observa na fábrica moderna, ou seja, a radicalização da prescindibilidade do trabalho vivo imediato, é na verdade um reflexo da desqualificação desse trabalho sob o conceito de Marx. A concepção mais usual de desqualificação, atribuída erroneamente a Marx, é, na realidade, de caráter smithiano. Sob esse prisma, é feita uma análise crítica de Trabalho e capital monopolista, de
Braverman, que passou a ser visto como a interpretação por excelência das idéias de Marx sobre o tema. Toda a responsabilidade pelo equívoco teórico de equiparar as análises de Marx e Smith sobre tecnologia e trabalho deve ser atribuída à incorreta compreensão da natureza do taylorismo-fordismo. Propõe-se aqui que o desenvolvimento tecnológico recente colocou fim ao equívoco da equiparação Marx-Smith, e forneceu grande atualidade à análise de Marx.
PALAVRAS-CHAVE: Automação. Desqualificação do trabalho. Divisão do trabalho.
Smith-Marx-Braverman. Automação de base microeletrônica.
Introdução
De forma ajustada aos tempos atuais, os efeitos da automação de base microeletrônica sobre o conteúdo do trabalho têm sido apontados como ilustração da falência teórica de Marx em campo de grande significação, qual seja, o processo de trabalho sob o capitalismo. Em outras palavras, a colocação marxista de que a mudança técnica levaria como tendência a uma desqualificação crescente dos trabalhadores