Crise e reestruturação no capitalismo central
Prof. Dr. Hoyédo Nunes Lins/
Este trabalho enfoca aspectos da reestruturação tecnológico-produtiva em curso nas economias mais industrializadas desde finais dos anos 70, um tema que se inscreve nas grandes transformações observadas em escala mundial na atualidade. O texto está organizado como segue. Primeiro, aborda-se a perda de fôlego da expansão econômica do Segundo Pós-Guerra. Em seguida, considera-se o aparecimento de uma nova engenharia produtiva, baseada em novas tecnologias de produto e de processo. Em terceiro lugar, enfatiza-se a importância desta reestruturação na retomada do crescimento nos anos 80 e, também, o seu caráter desigual entre os países centrais. A quarta seção focaliza aspectos da flexibilidade, pedra angular do que parece constituir um novo paradigma industrial. Nas considerações finais comenta-se, principalmente, o fato de que a introdução das novas tecnologias não proporcionou até agora qualquer engajamento efetivo da economia mundial numa nova fase durável de crescimento.
1. O fim dos "anos dourados"
No início da década de 70 a comunidade internacional passou a conviver com a idéia de que o período de acelerada expansão económica, a partir de 1945-50, pertencia ao passado. O primeiro choque do petróleo, elevando drasticamente a fatura de energia para todas as economias não produtoras daquela matéria-prima, contribuiu para impor a realidade de que o crescimento perdera fôlego e que o cotidiano passara a ser marcado pela estagnação. Pior, em vários países, pela estagnação acompanhada de inflação.
Conforme análises realizadas no âmbito da assim chamada Escola da Regulação
(1), pode-se postular que a progressão geral e "coerente" da acumulação de capital durante um certo período só pode ser assegurada por regularidades que possibilitem postergar as distorções e desequilíbrios inerentes ao processo acumulativo (Boyer, 1987). Nestes termos, uma crise de grandes