auto da compadecida
Diabo – Quem é? MANUEL?
João grilo – Não quero faltar com o respeito a uma pessoa tão importante, mas se não me engano aquele sujeito acaba de chamar o senhorde Manuel.
Jesus – Foi isso mesmo, João. Esse é um de meus nomes, mas você pode me chamar também de Jesus, de Senhor, de Deus...
João Grilo - mas espere. O senhor é que é Jesus?
Jesus – Sou. Porquê?
João Grilo – Porque, não é lhe faltando com respeito não, mas eu pensava que o senhor era muito menos queimado.
Bispo – (sussurro) Cale-se.
Jesus – Cale-se você, você estava mais espantadodo que ele, só escondeu essa admiração por prudência mundana. O tempo da mentira já passou.
João Grilo – Muito bem, a cor pode não ser das melhores, mas o senhor fala bem que da gosto.
Jesus –Muito obrigado João, muito obrigado. Mas você também é cheio de preconceito de raça, eu vim hoje assim de proposito, porque eu sabia que ia despertar comentários.
Jesus – e você, faça seu relatóriocomeçando pelo bispo.
Diabo – (abre o livro) Simonia: negociou com o cargo, aprovando o enterro de um cachorro em latim, porque o dono lhe deu seis contos.
Bispo – e é proibido é?
Diabo – se éproibido eu não sei, o que eu sei é que você achava que era. E depois, de repente passou a achar que não era, e mais, ele acaria arrogância com os pequenos, subserviência com os grandes, e tudo que sedisser do bispo, pode se aplicar ao padre.
Padre – Mas eu não citei o código canônico infalso como ele.
Diabo – em compensação acaba de incorrer em falta de coleguismo com o bispo.
Padre – Menino, e oque eu fizer aqui ainda voga?
Jesus – Não, isso é confusão do demônio. E o padeiro?
Diabo – Ele e a mulher foram os piores patrões que a Taperoá já viu.
Mulher do padeiro – É mentira.
João Grilo –é não, é verdade, três dias eu passei...
Jesus – (Completa a frase de João Grilo) em cima de uma cama com febre e nem um copinho d’agua lhe mandaram, eu já sei João, todo mundo já sabe