Auto da Barca do Inferno
Personagens:
ANJO – arrais, ou seja, navegante da barca celeste.
DIABO E SEU COMPANHEIRO – conduzem a barca infernal.
FIDALGO – representa todos os nobres ociosos de Portugal.
ONZENEI RO – simboliza o pecado da usura e a classe dos agiotas.
PARVO – representa o povo português, rude e ignorante, porém bom de coração e temente a Deus.
FRADE – representa os maus sacerdotes.
BRÍSIDA VAZ – alcoviteira (cafetina), simboliza a degradação moral e a feitiçaria popular.
JUDEU – representa os infiéis, que são alheios à fé cristã.
CORREGEDOR E PROCURADOR – Encarnam a burocracia jurídica da época.
ENFORCADO – é o símbolo da falta de fé e da perdição.
QUATRO CAVALEIROS – representam as cruzadas contra os mouros e a força da fé católica.
Um pouco de cada personagem:
O Anjo ou o Arrais do Céu, fala pouco, fazendo intervenções apenas quando necessárias e quando o faz, sabiamente. Não argumenta de forma insistente com os desejosos passageiros de sua embarcação, pois os mesmos carregam consigo, as marcas de seus vícios terrenos. Desta forma, raramente utiliza argumentos irônicos e apenas aguarda o embarque das poucas almas puras, que no final são escassas.
O Diabo ou o Arrais do Inferno é aquele que detém mais falas, tem voz ativa durante toda a encenação e por seu caráter persuasivo, faz que o embarque a Barca do Inferno, pareça uma viagem agradável. Para convencer as personagens, acusa-as pelos seus erros quando em vida, conscientizando-as dos mesmos. Mostra-se extremamente sarcástico, dominador e tem muita pressa pela viagem, uma vez que sabe que a barca irá cheia. Usa o canto para seduzir as almas no embarque.
O Companheiro do Diabo é analisado como cúmplice do Arrais do Inferno, que apenas concorda com o seu mestre, sem voz ativa.
O Fidalgo necessariamente representa a nobreza dentro da peça de Gil Vicente. Mostra-se arrogante e por sua posição social, acredita ser merecedor de embarcar na Barca do Anjo. Traz consigo um pajem