Auto da Barca do Inferno
CARACTERÍSTICAS DO TEXTO DRAMÁTICO
O texto dramático destina-se essencialmente a ser representado em palco. Isto significa que a sua finalidade não é ser lido, mas ser posto em cena. Por isso, tem características específicas.
ESTRUTURA DO TEXTO DRAMÁTICO
O Auto da Barca do Inferno foi composto por Gil Vicente sem qualquer divisão externa, como, aliás, era próprio do teatro medieval.
Ainda assim, é possível dividir o auto em cenas à maneira clássica, isto é, mudando de cena quando entra ou sai uma personagem do palco. Esta divisão facilita a leitura e a interpretação da obra. De qualquer forma, não se assiste a uma peça em que as personagens entrem e saem do palco diversas vezes. Assiste-se a um desfile de tipos sociais que se sujeitam a um julgamento e que acabam por embarcar na barca que lhes está destinada. De início, estão apenas em cena três personagens: o Anjo, o Diabo e o Companheiro. O seu número vai aumentando progressivamente à medida que os julgamentos se sucedem. Quando o auto termina, devem estar dezassete personagens em cena.
No Auto da Barca do Inferno, não há propriamente uma ação encadeada, evolutiva e dinâmica.
Esta peça não é composta por uma ação única, mas sim por um conjunto de mini ações paralelas. Estas mini ações são formadas pelas três partes clássicas: exposição (breve apresentação da personagem), conflito (duplo interrogatório, feito pelo Diabo e pelo Anjo) e desenlace (sentença proferida pelo Anjo e pelo Diabo, que conduz as almas recém falecidas a uma das barcas).