Auto da barca do inferno
Em 1985, havia, em Antônio Carlos, interior de Santa Catarina, uma bela jovem de nome Tamara. Essa jovem, que tinha cabelos longos e negros e olhos azuis era serva de um grande fazendeiro, seu nome era Bento Costa.
Tamara, que era de uma família pobre e humilde, sofria assédios diários de Bento. Este homem morava em uma propriedade muito afastada da cidade, mas, felizmente, ela sempre conseguia manter-se longe de seus braços.
Cansado de tantas recusas, Bento arquitetou um plano sórdido para que Tamara se entregasse a ele. Certo dia, ele entregou aos cuidados da moça uma sacola com nove moedas de ouro inglesas - mas dizendo que havia dez moedas - para que a jovem as guardasse por um tempo.
Passados alguns dias, Bento pediu que a jovem devolvesse as "dez" moedas. A donzela, ao constatar que só havia nove, ficou desesperada e contou as moedas várias e várias vezes para ver se não havia algum engano. Bento se mostrou furioso com o "sumiço" de uma de suas moedas, mas disse que se ela o aceitasse como marido, o suposto erro seria perdoado. Tamara pensou a respeito e decidiu que seria melhor morrer do que casar e entregar-se a Bento. O homem ficou bastante furioso com a não aceitação, saiu fazenda afora agarrado com a jovem e jogou-a no poço perto de sua casa. Após alguns instantes, não se ouviu mais seus gritos, a jovem havia morrido.
Depois do ocorrido, todas as noites, o espírito da jovem moça aparecia no poço com ar de tristeza, pegava a sacola de moedas e as contava... Quando chegava na nona moeda, o espírito suspirava e desaparecia. Bento assistia àquela melancólica cena todas as noites e, torturado pelo remorso e arrependimento, pediu ajuda a um amigo, que conhecia desde infância, para dar um fim àquela maldição.
Na noite seguinte, escondidos entre os arbustos perto do poço, Bento e seu amigo esperaram a jovem aparecer para dar fim ao sofrimento de sua alma. Quando o fantasma