Auto da Barca do Inferno
Na nossa opinião, o teatro foi bastante interessante e enriquecedor.
O cenário e todas as situações e trajes eram alusivos à época em que o auto foi escrito, no séc. XVI. Um exemplo vivo disso era o traje do Frade, de cores vivas, folhos e golas e mangas em balão, o manto muito próprio da alta sociedade e o chapéu de penas. Outra situação em que a isso se assistiu foi no vestido de Brízida Vaz era tal e qual como os descritos da corte da altura, de cores alegres, grandes saiotes e mangas em balão. Continha ainda os folhos e o corpete de linhas característico, o chapéu e a pena, de cabelo apenas agarrado com uma fita.
O cenário da peça era simples: os claustros do piso superior do Mosteiro dos Jerónimos, com toda a sua beleza ancestral do séc. XVI. Outro factor era a representação das barcas, através de escadotes. O escadote vermelho, a Barca do Inferno; o escadote branco, a Barca da Glória; enquanto todos os réus se elevavam em escadotes verdes, e de menores dimensões.
As personagens movimentavam-se num curto espaço, entre a multidão que as assistia, e cada actor representava mais que uma personagem. Por essa razão, existia muita interacção com o público, como no acto do Frade, em que o actor simulou um combate de esgrima com um colega nosso. Ainda hoje algumas situações representadas no teatro de adequam à nossa sociedade. Foi também com esse objectivo que Gil Vicente utilizou personagens tipo na maior parte dos seus autos. As peças contém criticas religiosas e à sociedade muito graves, assim como a tirania proveniente das pessoas da alta sociedade, a hipocrisia