“Auto da barca do inferno”: dicotomia entre o bem e o mal para uma reflexão existencial
Gabriela Fernandes de Melo²
Marineis Merçon³
1 DESCRIÇÃO DO CASO
O Auto da Barca do Inferno retrata a história de um julgamento, juízo final. O caráter maniqueísta perdura por toda obra nas figuras das duas barcas e dos seus respectivos guias, a barca do céu, ou paraíso, é guiada pelo anjo e a barca do inferno é guiada pelo diabo. Satirizando o juízo final, Gil Vicente aplica em sua obra um forte apelo moral ao criticar os valores da sociedade da época como ganância, tirania, luxúria, avareza, falso moralismo religioso, prostituição e corrupção.
Os personagens têm a comum vontade de entrar na barca do anjo, porém são julgados por ele pelos seus valores terrenos e acabam sendo aceitos apenas na barca do diabo. O único que consegue seguir para o paraíso é o parvo devido à sua ingenuidade e humildade, caráter julgado pelo anjo como capaz de ir para o céu.
2 QUESTÕES PARA ANÁLISE
1. ANALISE A ESTRUTURA DA OBRA: ESTILO, GÊNERO LITERÁRIO, CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL.
Quanto ao estilo da obra podemos dizer que seus versos heptassílabos são escritos em tom coloquial, onde a fala de cada personagem denuncia sua condição social. Caracteriza-se pelo gênero dramático onde um único ato é dividido em várias cenas, pois a ação da peça se dá no mesmo espaço e com duas personagens fixas, o anjo e o diabo. O contexto histórico-social é a transição da Idade Média e Idade Moderna, por isso os valores das duas épocas se chocam, como exemplo temos o cunho religioso dos medievais e a crítica social que é mais presente na moderna.
2. COMO GIL VICENTE TRATA A DICOTOMIA BEM X MAL? QUAIS REFLEXÕES SÃO ATEMPORAIS NESSA DICOTOMIA?
Gil Vicente traz o caráter maniqueísta da sua obra exprimindo a supremacia do poder divino, característica dos valores medievais, pois a forte influência do cristianismo impunha à sociedade da época que Deus era