Aula 3 Expedicoes Para O Planalto Central
A transferência da capital para um ponto central do território é um dos temas mais instigantes da imaginação política sobre o Brasil. Sua abordagem esteve quase sempre relacionada às tentativas de se representar geograficamente o sentido que, em diferentes contextos históricos, se procurou atribuir à unidade e à identidade nacionais. A pergunta não se resume à localização da sede do governo, uma vez que traz um questionamento mais profundo sobre a nação imaginada pelos brasileiros, o que envolve versões e propostas bastante distintas referidas tanto ao passado como ao futuro do país.
Francisco Adolpho de Varnhagen, o Visconde de Porto Seguro, foi, durante o Século XIX, um dos principais defensores da mudança da capital para o interior. Historiador e diplomata cuja obra se constitui uma referência obrigatória para os que se dedicam à historiografia produzida durante o
Império, ele se ocupou do tema ao longo de pelo menos 40 anos.
Antes de Varnhagen, Francisco Tosi Colombina, que no Século XVIII viajou ao interior do Brasil deixando mapas e escritos a respeito, é citado como precursor pelos que se dedicaram a reconstituir historicamente a ideia da mudança.
Durante o Primeiro Reinado, logo após a proclamação da
Independência, coube a José Bonifácio de Andrada e Silva a defesa entusiasta da mudança. Esse foi o teor de sua memória sobre a necessidade de ser edificada no interior do Brasil, uma nova capital para assento da
Corte, da Assembléia e dos Tribunais Superiores, apresentada, em 1823, à
Assembléia Constituinte e Legislativa do Brasil. Defendia a construção da nova capital na Comarca de Paracatu, Minas, sugerindo que a mesma fosse denominada Petrópole ou Brasília. A proposta não se efetivou, mas até o final do Império muitas vezes a ideia da mudança foi retomada, especialmente por Francisco Adolpho de Varnhagen.
Ainda que não tenha sido o primeiro a fazê-lo, Varnhagen apresentou argumentos que aparecem na quase totalidade dos textos