Aula 10 Cr Nica Parte 2
HUMOR, COTIDIANO E POLÍTICO NA CRÔNICA (Parte 2)
A crônica é, talvez, a forma mais leve das manifestações literárias, aquela se coloca mais próxima do texto jornalístico. Mas, diferente deste, se o texto jornalístico objetiva informar sobre baseia-se fatos reais documentados, a crônica, apesar de muitas vezes motivar-se em fatos cotidianos, firma com o leitor um pacto ficcional, isto é, promete ao leitor que vai contar uma história inventada, reescrita por sua imaginação.
Na Aula 5, falamos sobre o discurso literário e sua qualidade de se tornar menos corriqueiro e transparente, mais instigante, emocionante, independente da banalidade do tema. E dissemos que essas características eram responsáveis por um espessamento do texto, de uma preocupação formal que o tornava literário: a essa vocação literária de textos chamaremos literariedade. A literariedade diz respeito à natureza do texto, de sua condição de ser literário. Condição que também pode ser identificada com o estranhamento.
Ora é esse modo de se preocupar mais com o como diz do que com o que diz, que vamos examinar, nas formas de prosa de ficção que chamamos de crônica e de conto, quando aprimoram um tom diferente, o humor.
Como se lê em algum dicionário de termos literários, o humor é uma qualidade do texto que evidencia um certo desequilíbrio entre as coisas, as pessoas, mas o faz de modo a provocar uma reação de riso, atingindo o cômico. O humor é portanto uma qualidade da obra literária que espelha, de algum modo, o traço humano de distanciar-se um pouco das coisas para poder olhá-las com olhos críticos, de forma leve, pode-se dizer, sem levar as coisas muito a sério. O humor reporta-se à inteligência, à compreensão não emocional ou sentimental dos fatos. Essa atitude, diante da qual o interlocutor se manifesta, no mínimo, pelo sorriso, pode apresentar-se um gradações. Mas o termo humor se reserva à atitude crítica “bem humorada”, de algum modo, simpática.
Apesar de a ironia leve ser