Atuação: a responsabilidade de um reprodutor de ideologias
Francisco Paco Souza – paco.souza@live.com / UFSCar
O Contemplador: vivências estéticas e responsividade
Temos no teatro atual uma dificuldade na definição de suas formas. Vemos peças sendo apresentadas a esmo, com atores muitas vezes despreparados, sem conhecer a fundo a peça apresentada. Vemos também peças apresentadas para um público leigo e alienado, que só se importa se no elenco da peça haverá algum ator televisivo.
O teatro na contemporaneidade mudou, o público que vai ao teatro mudou. Com o surgimento das novas mídias (TV, internet) e a sofisticação do cinema, são poucos os que se locomovem até um teatro para assistir a uma peça.
O teatro tem essa singularidade perante as outras formas de arte, pois necessita que ambos, atores e plateia, se locomovam para aquele determinado local de encenação naquela determinada hora. Não há distribuição em massa quando se fala em teatro, diferente do cinema, por exemplo, em que num dia de estreia há milhares de pessoas em todo o mundo assistindo. O teatro é mais reduzido, só quem está lá naquele momento pode assisti-lo (uma vez que, se gravado, o gênero irá mudar e a obra estética em questão não mais pertencerá ao gênero teatro).
Sendo assim, cada apresentação é única, as formas como os atores irão falar, andar, os erros cometidos ou os momentos de improvisação serão únicos.
Todos estes fatos trazem para o ator uma grande responsabilidade. Figueiredo (2010, pg. 15, 16), fala em seu texto sobre as diferenças cruciais entre ato e ação: “A ação é caracterizada como uma atitude mecânica ou impensada, ou seja, na ação não há o comportamento responsivo do sujeito que age como um mero reprodutor das ideologias dominantes e não se responsabiliza por suas ações e pensamentos, diferentemente do que acontece no ato, no qual o sujeito assume a responsabilidade pelo seu pensar perante o outro; é a assinatura responsiva de cada