atualização
Armando Boito Jr.2
Introdução: passado e presente
Na sociologia e na ciência política brasileira, as relações entre o processo político e o desenvolvimento capitalista são um tema clássico. Nosso texto retoma esse tema e o examina em condições históricas novas, que são as condições das duas primeiras décadas do Século XXI.
Uma ideia que informa o nosso texto é que o capitalismo no Brasil tem dependido muito, para poder se desenvolver, de algum tipo de participação política das classes populares. Tal dinâmica decorre de características estruturais da economia, da sociedade e do Estado brasileiros, que se inseriram tardiamente e de modo dependente no capitalismo mundial. Correndo o risco de sermos demasiado genéricos, gostaríamos de apontar que esse fenômeno se verificou nos momentos mais significativos do processo de modernização capitalista do Brasil, como em 1888/89 e em 1930.
Para não nos estender em demasia, consideremos o caso da ruptura política de 1930. A chamada República Oligárquica, principalmente a partir da posse de
Prudente de Moraes em 1894, foi o período em que a política econômica e social do
Estado privilegiou os interesses do capital cafeeiro (PERISSINOTTO, 1994). Se é verdade que o café implantou as condições mínimas para o crescimento industrial, também é certo que bloqueou uma política econômica promotora do processo de industrialização (SILVA, 1981). A liquidação da hegemonia da burguesia cafeeira no interior do bloco no poder, que permitiu a unificação do mercado nacional e a remoção dos obstáculos políticos à implantação de uma política econômica industrializante, essa liquidação só foi possível graças ao movimento tenentista que canalizou a insatisfação popular com a República Oligárquica de uma maneira politicamente eficiente (SANTA
ROSA, 1976). A pesquisa histórica demonstrou que a burguesia industrial de São Paulo
– hipoteticamente a fração da classe dominante