Atualiza O
O outro é uma alteridade no qual eu me encontro e me diferencio. É em relação com o outro que eu me compreendo. O outro não é só aquele que está fora de mim, mas sim os vários outros eus que sou e não reconheço em mim. O mundo está entre o eu e o outro, na relação. É no mundo com o outro que tudo acontece e é sempre na relação que se produz movimento. Assim cada um vive num mundo que constrói.
De acordo com Augras (1978), o mundo humano é essencialmente mundo de coexistência. O homem defini-se como ser social, e o crescimento individual depende, em todos os aspectos, do encontro com os demais.
A compreensão de si fundamenta-se no reconhecimento da coexistência, e, ao mesmo tempo, constitui-se como ponto de partida para a compreensão do outro. O outro fornece um modelo para a construção da imagem de si. Por ser outro, contudo, ele também revela que a imagem de si comporta uma parte igual de alteridade.
[…] Ser e não ser, exprime o fato de que o não-ser é inseparável do ser. Para que se compreenda o significado do termo “existir”, é preciso que haja conhecimento do fato de que ela (a pessoa) poderia não existir, de que se encontra passível, a cada momento, de despencar no abismo que a separa de uma possível destruição, e jamais poderá escapar ao fato de que a morte virá em algum momento desconhecido no futuro. (MAY, 2000, p.115)
A percepção da existência na outra pessoa ocorre num nível diferente do nosso conhecimento de suas peculiaridades. Um conhecimento dos sentidos e das escolhas da outra pessoa é sempre rico para sua compreensão. Uma familiaridade com seus padrões de relacionamentos interpessoais é altamente relevante; uma informação a respeito de seu condicionamento social, o significado de certos gestos especiais e ações simbólicas é importante. Mas tudo isso é transportado a um nível diferente quando nos confrontamos com o mais doloroso e real dos fatos, ou seja, a própria pessoa ali presente, em carne e