Atividades e hábitos das gangues no distrito federal
2.1. A pichação
A pichação pode ser caracterizada, como a utilização de espaços e patrimônios públicos como suporte para inscrições não autorizadas pelas autoridades competentes.
Além de ser o eixo principal em torno do qual se articulam as gangues no Distrito Federal, a pichação é um fenômeno juvenil que não está circunscrito apenas a Brasília ou ao Brasil. Suas origens parecem remontar aos movimentos estudantis europeus de 1968 e às tags norte-americanas do final dos anos 60 embora passe por atualizações temporais e geográficas.
2.1.1 Pichação e Sociedade do Espetáculo
A pichação é uma manifestação da Sociedade do Espetáculo. Debord (1997) foi quem cunhou este conceito na década de 50, ele e um grupo de artistas, denominados Situacionistas, utilizavam a pichação como forma de expressão das suas ideias. Ao longo de sua história, também se constituiu como veículo propagandeador de ideias, marcas, autorias, grupos.
É possível entender as formas de representação tipográfica (oficiais e não oficiais) que permeiam o espaço público como produtos de uma sociedade que disputa acirradamente a questão da “visibilidade”. Neste panorama, logotipos, símbolos, representações gráficas de toda espécie, criam artifícios cada vez mais ruidosos para se estabelecer.
O grafite e a pichação compõem um conjunto de práticas que podem expressar também formas de resistência aos grupos hegemônicos da sociedade. Essas manifestações expressam, por meio de territórios, as inquietações do cotidiano dos jovens que grafitam ou picham. Essas manifestações são como “textos a serem lidos, interpretados e debatidos no espaço urbano”.
Esses territórios são vistos como expressão cultural e/ou como sinônimos de resistência à marginalização e de denúncia da ordem vigente, que produz um discurso hegemônico, sem contradições, sem desigualdades. A pichação evidencia esse poder pelas marcas nos muros, monumentos e espaços públicos.
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