Atividades Matemáticas e Saúde Mental
Lyliane Drumond Lanza Universidade Federal de Juiz de Fora lylanza@gmail.com
Adlai Ralph Detoni Universidade Federal de Juiz de Fora adlai.detoni@ufjf.edu.br
Resumo: relata-se a experiência vivida profissionalmente como educadora matemática numa situação de clínica psiquiátrica e reflete-se sobre os resultados alcançados na terapêutica de pacientes participantes. Aproxima-se o trabalho pedagógico pela matemática com a terapia de vários, no contexto do cotidiano dessa clínica.
Palavras-chave: saúde mental; práticas alternativas; pedagogia e terapia.
1. INTRODUÇÃO
“Todo-o-mundo é louco. O senhor, eu nós, as pessoas todas. Por isso é que se carece de ajuda: para se desendoidecer, descuidar, [...] O senhor mire e veja, o importante e bonito no mundo não é isto? Que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Trestristecem de tanto sofrimento e custam a abandonar seus casulos.
Verdade maior é o que a vida me ensinou, que a coisa mais linda é que o homem não está nunca terminado, sempre pode borboletear por outros ares.”
(Guimarães Rosa)
A história da psiquiatria foi dominada, até as duas últimas décadas do século XX, pela história de seus manicômios. A prática psiquiátrica era hospitalocêntrica; baseava-se na contenção física e química como principal forma de tratamento; era asilar e o controle era quase que totalmente concentrado nas mãos dos médicos. Os “loucos” (ou os que se excluem) eram segregados, trancados em instituições, retirados do campo de visão, tratados como se não existissem.
Há 20 ou 30 anos, vem tomando corpo no Brasil um movimento social que luta pela desinstitucionalização do paciente psiquiátrico e na desconstrução dos manicômios e dos paradigmas que os sustentaram: a Reforma Psiquiátrica. Esta vem com a pretensão de substituir progressivamente os manicômios por outras práticas