Atividades Coesao 2013
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Oração da hipocrisia1
Perdoai-nos, Senhor, por nossa hipocrisia cotidiana. Princípios bonitos nos transbordam da boca, escritos em mensagens de Páscoa e Natal, ornamentadores de discursos, agregadores de prédicas2, colados nos átrios3 das instituições e no quadro de avisos de empresas. Frases melosas recortadas em agendas, proclamadas aos filhos e aos jovens, animadoras de discursos em formaturas e eventos. Tudo falsidade, contos da Carochinha nas tardes de hospícios. Dinheiro não traz felicidade. Mas por ele vivemos, uns trabalham, outros roubam. O elixir da juventude eternamente buscado. Na sua falta, assume o estresse, uma angústia inexplicável cava úlceras no estômago. A família nos acusa de derrotados, a sociedade nos impinge o desprezo, os pretensos amigos nos ridicularizam. As aparências enganam, o essencial é invisível aos olhos. E abarrotam-se as clínicas plásticas sobre o visível. Cultivamos o corpo, valorizamos a roupa o automóvel, pensamos por um mês ou mais nas roupas de uma festa. Como são importantes as colunas sociais com seus comentários sobre chiques e bregas, seus elogios ao fútil e ao efêmero. E promovemos concursos de beleza, compramos revistas de decoração. Decoramos a casa e o escritório com os tons do momento, e contratamos assessores visuais na arquitetura de lojas e igrejas. E pintamos o cabelo, Senhor, fazemos implantes, clareamos os dentes e colocamos aparelho. Rejeita-se o feio, o gordo, o velho. Nas feiras e bancos, na televisão e nos restaurantes, as moças bonitas e os moços sarados lideram frentes. Todos são iguais perante a lei. Na prática, há muitos pesos e medidas. Somos todos diferentes. Algumas penas, inexplicavelmente, se abrandam; outras, imperiosamente, se agravam. A terra do presidente não se