Atividade
Aluno(a): ________________________________________ Série: 3º ANO
Professor(a): Aleuda Borges Data: ___/___/2011
Interpretação de texto
O texto abaixo é de Millôr Fernandes, escritor que se distingue por tratar de maneira quase sempre humorística, de assuntos os mais variáveis; sociedade, política, família, o cotidiano…
O texto apresentado é uma espécie de fábula que, ao contrário das tradicionais, tem como personagem principal um ser humano e em que a moral não pode ser tomada rigorosamente como um ensinamento, uma vez que não envolve, como no caso das fábulas tradicionais, erros ou defeitos graves dos seres humanos.
NO DIA EM QUE O GATO FALOU (Millôr Fernandes)
01. Era uma vez uma dama gentil e senil que tinha um gato siamês. Gato de raça, de bom-tom, de filiação, de ânimo cristão. Lindo gato, gato terno, amigo, pertencente a uma classe quase extinta de antigos deuses egípcios. Este gato só faltava falar. Manso e inteligente, seu olhar era humano. Mas falar não falava. E sua dona, triste, todo dia passava uma ou duas horas, repetindo sílabas e palavras para ele na esperança de que um dia aquela inteligência que via em seu olhar explodisse em sons compreensivos e claros. Mas nada!
02. A dama gentil e senil era, naturalmente, incapaz de compreender o fenômeno. Tanto mais que ali mesmo à sua frente, preso a um poleiro de ferro, estava um outro ser, também animal, inferior até ao gato, pois era somente uma pobre ave, mas que falava! Falava mesmo, muito mais do que devia. Um papagaio, que falava pelas tripas do Judas. Curiosa natureza, pensava a mulher, que fazia um gato quase humano, sem fala, e um papagaio cretino mas parlapatão. E quanto mais meditava mais tempo gastava com o gato no colo, tentando métodos, repetindo silabas, redobrando cuidados para ver se conseguia que seu miado virasse