Ateísmo
Não é por falta de formação religiosa que sou ateu. Pelo contrário. É por excesso de formação religiosa. Em minha juventude, quando era católico, fui convidado a participar da TFP e frequentei sua sede em Barbacena por um bom tempo, inteirando-me de sua proposta. Em função disto, aprofundei-me em estudos religiosos e filósóficos ao mesmo tempo em que também estudava muita física e cosmologia, que sempre foram a minha paixão. Esses estudos, tanto teológicos quanto científicos e filosóficos é que me levaram a perder a fé e tornar-me, a princípio, agnóstico e, posteriormente, ateu. No entanto, admiro a coerência, a dedicação à causa e a prática virtuosa dos membros da TFP, entre eles conhecida como “Grupo de Catolicismo”, e, certamente, as mesmas qualidades de seu mentor, Plínio Correa de Oliveira, que conheci pessoalmente. Todavia deploro suas posturas intransigentes com relação a outros pontos de vista e o comportamento à moda do “Opus Dei”.
Na verdade eu nunca aceitei interiormente a cosmovisão direitista da TFP. Intimamente sempre fui um anarquista convicto. Minha aproximação com a TFP se deu por uma admiração à sua postura ética estóica e ao modo de vida intelectual e culturalmente sofisticado. Mesmo tendo sido criado como católico, sempre encarei a religião de um ponto de vista cético e antropológico. Assim vi que a noção de “Revolução e Contra-revolução” é paranóica. A visão marxista é mais próxima da realidade, mas também é dogmática. Minha posição no espectro político não é de esquerda nem de direita, mas libertária, que é oposta à retrógrada e se lança para frente numa direção perpendicular ao eixo esquerda-direita.
Não considero que a descrença no sobrenatural e a adoção de um cosmovisão científica tire o encanto da vida. Em primeiro lugar a ciência é deslumbrante e maravilhosa, muito mais do que as sagas mitológicas dos Vedas, a Ilíada, a Odisséia, a Biblia ou o Corão. E a ciência não exclui a filosofia (mesmo a metafísica), nem a