Assalto ao trem
Essa história começa em 1887, quando o governo imperial solicita o projeto de uma ferrovia de interligação entre Itararé (SP) a Santa Maria (RS). Ao longo do tempo o traçado começa a ganhar forma através de várias concessões de trechos e empresas.
Em 1908, a administração da obra é transferida ao norte americano Percival Farquhar, detentor da holding Brazil Railway Company. Esse por sua vez passa a fracionar a obra, entregando trechos da construção a empreiteiros locais.
Para executar a laboriosa e desafiadora tarefa, Farquhar recruta mais de 8.000 trabalhadores braçais vindo de São Paulo, Rio de Janeiro, do Nordeste e também do exterior e dentre estes trabalhadores estão estivadores e ex-detentos. A responsabilidade de pagamento destes trabalhadores, a partir deste momento, passa a ser dos empreiteiros.
Entre os empreiteiros está José Antonio de Oliveira, conhecido pelo codinome: Zeca Vacariano. O lendário homem que entraria para a história como um assaltante sanguinário, possui um armazém na localidade que mais tarde será a cidade de Pinheiro Preto. Vacariano contrata dois trechos de trilho e ao término das etapas, alega não ter dinheiro para honrar os salários de seus trabalhadores. Entre rumores de má administração de recursos e falta de pagamento por parte da holding contratante, centenas de operários ficam a mercê da própria sorte.
Com a pressão para os acertos com os trabalhadores e tendo conhecimento da forma como a companhia executa o pagamento dos demais empreiteiros, o empreiteiro arquiteta o que é considerado o primeiro registro mundial, de um assalto a um trem pagador. De armas em mãos, juntamente com alguns comparsas, Vacariano fica de tocaia em frente ao seu armazém, aguardando a comitiva pagadora formada pelo responsável da companhia, Henrique Jorge Baroni, o engenheiro Ernesto Kayser e os seguranças Lino Ferreira, Menezes e Guilherme.
O trem pagador avançaria pela ferrovia