Compreender as múltiplas fases do futebol, no Brasil, é tentar entender o seu significado cultural, político e das relações sociais que a ele estão atrelados; é tentar abrir uma luz no túnel das ilusões e fantasias mais agradáveis do povo brasileiro, ou seja, buscar defender o imaginário deste povo, no entanto, o fenômeno futebol é um belo exemplo da hegemonia cultural. Em primeira instância surge o futebol como aparelho ideológico do estado. Ele sublima o capitalismo. Concede uma visão fictícia da realidade, aperfeiçoando-a, Se descontextualiza da realidade, mas a reproduz com muitos retoques. A hierarquia e os papéis sociais são desativados. A injustiça social ganha outra dimensão. Burgueses e proletários são convertidos em torcedores. Os torcedores possuem o objetivo comum de conviver com o universo do futebol. A democracia é total e estável nos estádios de futebol. Aparentemente a liberdade de expressão, do pensamento, atinge níveis irrestritos. O trabalhador se projeta no árbitro, no jogador e no adversário. Podendo descarregar todas as suas frustrações. Um segundo papel é que o futebol mistifica a realidade. Reduz a impressão das condições materiais e sociais existentes. Preenche espaços consideráveis na vida dos brasileiros. Nisso, os meios de comunicação social são fundamentais. Introduzem essa sociedade de gols, vitórias e campeonatos no cotidiano. O que é feito através de programações inesgotáveis. O noticiário sobre o futebol supera o político e o econômico. Os meios de comunicações generalizam o futebol. Um futebol auto-suficiente, com um valor em si, intrínseco. Justificam a sua popularidade como motivo do seu poder mágico de envolver as pessoas. Por último podemos afirmar que o futebol legitima o capitalismo. Ele age dentro de uma posição neutra na aparência. A neutralidade é um modo de encobrir um posicionamento a favor do sistema. O privilégio de uma minoria burguesa que constituem o poder neste país.