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Pela primeira vez, ímpias risadas
Susta em pranto o deus da zombaria;
Chora; e vingam-se dele, nesse dia,
Os silvanos e as ninfas ultrajadas;
Trovejam bocas mil escancaradas,
Rindo; arrombam-se os diques da alegria;
E estoira descomposta vozeria
Por toda a selva, e apupos e pedradas...
Fauno, indigita; a Náiade o caçoa;
Sátiros vis, da mais indigna laia,
Zombam. Não há quem dele se condoa!
E Eco propaga a formidável vaia,
Que além por fundos boqueirões reboa
E, como um largo mar, rola e se espraia...
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Rima, de Raimundo de Correia. Rondo pela noite Imaginando mil coisas Meditando sozinho Até a madrugada
Isto tudo é tão contrário Medo e coragem Amor e ódio Revolta e compreensão
Mas nada rima nesse mundo Apenas eu e você restávamos Resto do que o mundo já foi Intensamente, imensamente, eternamente
Até mesmo nós sucumbimos Reavaliamos nossa condição Indiferentes, deixamos de rimar Menos um casal no mundo
Agora ando sozinho Meditando noite adentro Imaginando e esquecendo mil e uma coisas Rondando até a madrugada.
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A Vigança da Porta, de Alberto de Oliveira.
Era um hábito antigo que ele tinha: entrar dando com a porta nos batentes
— "Que te fez esta porta?" a mulher vinha e interrogava... Ele, cerrando os dentes:
— "Nada! Traze o jantar." — Mas à noitinha calmava-se; feliz, os inocentes olhos revê da filha e a cabecinha lhe afaga, a rir, com as rudes mãos trementes.
Uma vez, ao tornar à casa, quando erguia a aldrava, o coração lhe fala
— "Entra mais devagar..."