As Veias Abertas da América Latina
INTRODUÇÃO.
“Há dois lados na divisão internacional do trabalho: um em que alguns países especializam-se em ganhar, e outro em que se especializaram em perder.Nossa comarca do mundo, que hoje chamamos de América Latina, foi precoce: especializou-se em perder desde os remotos tempos em que os europeus do Renascimento se abalançaram pelo mar e fincaram os dentes em sua garganta.”
Neste trecho inicial da introdução, já é possível pré-visualizar inteira e claramente o conteúdo da obra e o que Galeano quis explicitar com a expressão “veias abertas” no título: “As veias abertas da América Latina.” Durante a muito bem amarrada narrativa de acontecimentos históricos do processo de colonização das Américas conseguimos identificar nesta obra a cronologia dos acontecimentos extenuantes e devastadores que permeiam a história de colonização das Américas e sua quase imediata decadência, mantendo-se até hoje vassala das potências capitalistas emergentes em processo cruel de dominação política e econômica: “Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória alheia, nossa riqueza gerou sempre a nossa pobreza para alimentar a prosperidade dos outros: os impérios e seus agentes nativos. Na alquimia colonial e neocolonial, o ouro se transforma em sucata e os alimentos se convertem em veneno. (...) A chuva que irriga os centros do poder imperialista afoga os vastos subúrbios do sistema. Do mesmo modo, e simetricamente, o bem-estar de nossas classes dominantes - dominantes para dentro, dominadas de fora - é a maldição de nossas multidões, condenadas a uma vida de bestas de carga.”
PRIMEIRA PARTE: A Pobreza do homem como resultado da riqueza da terra; Febre do Ouro e da prata.
O signo da cruz nos cabos das espadas.
Com o mar resumido ao mediterrâneo, e a terra quase que exclusivamente ao continente europeu, a produção de prata no continente quase nula e necessidade de se libertarem da