As relações entre riqueza e violência
Para que se possa entender essas relações, é necessária a compreensão de dois fenômenos das relações entre poder e mercado, que estão associados entre si. O primeiro sobre a crise nas formas de sociedade e o segundo sobre a emergência e disseminação do crime organizado na sociedade, em especial o tráfico de drogas.
Até pouco tempo atrás, ao se falar sobre tráfico de drogas, o que vinha a memória era do fenômeno localizado em grandes metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, o segundo em especial juntamente com a ideia de populações empobrecidas, jovens despossuídos, portanto armas de fogo, como se toda população pobre fosse criminosa e todo jovem perigoso. A antropóloga Alba Zaluar questiona isso, ao ponto que este fenômeno se espalhou pelo país, tendo características diferentes em cada lugar.
Com o crime organizado espalhado pelo país, existem mudanças a se considerar, como isso significar que o crime está seguindo a rota da riqueza, não da pobreza. Exemplo disso é a cidade de Cuiabá, que possui uma das maiores taxas de homicídio do país atrai vários trabalhadores de regiões vizinhas, a cidade sofreu várias mudanças na estrutura social que promovem a rápida profissionalização das classes médias.
Existem resultados evidentes dessa mudança, havendo alteração nos padrões de vida, inclusive de álcool e drogas. Nota-se então uma maior necessidade de serviços não especializados, como de auxílio doméstico e vigilância, que é preenchida por uma mão-de-obra empobrecida.
O tráfico de drogas precisa de um mercado consumidor e de pessoas que trabalhem como soldados do tráfico, as mudanças sociais na cidade propiciam isso. O mais grave disso é que o tráfico assim produz a forma mais insidiosa de pobreza e desigualdade, por estar, de certa forma, escravizando trabalhadores urbanos.
Jovens se tornam pequenos traficantes, contraem dívidas e se tornam verdadeiros escravos, e esse mecanismo não é específico da cidade, no campo a