As origens do pensamento ocidental
A filosofia carrega, para boa parte das pessoas, o estigma de ser considerada como um campo de saber essencialmente ateu, cuja existência se justifica pelo objetivo de desafiar o que é superior e sagrado.
Certamente esse tipo de ideia existe por causa de sua origem. A filosofia nasceu como uma prática contestadora em relação aos modos de entendimento e explicações que o mito oferecia, ou seja, contestar era uma forma de abrir espaço para encaixar uma outra forma de entender o mundo, uma forma mais natural e menos sobrenatural (considerando "sobrenatural" como sendo tudo aquilo que está acima da natureza e que de alguma forma exerce uma força decisiva sobre ela).
A filosofia (que nesta época era caracterizada como "filosofia da naureza") surge como uma forma de pensamento e conhecimento diferentes daqueles que as pessoas estavam acostumadas, e as pessoas estavam acostumadas com explicações sobrenaturais, onde o mundo é regido pelas vontades divinas. A filosofia iniciou algo inédito e que talvez seja a causa de seu estigma de "saber ateu": pensar a natureza pela própria natureza. Se há mistérios no mundo que vivemos, as respostas para os mesmos reside no próprio mundo e não fora dele como dizia a tradição.
O surgimento desta nova perspectiva que buscava compreender a natureza por ela mesma se deu em meados do séc VII na Grécia (veja a linha histórica abaixo). Foi lá que esta forma de pensar racional passou a se colocar contra formas vigentes. Não no sentido de destruir e acabar com a religiosidade grega com seus deuses e deusas, mas de colocá-la em seu devido lugar. Assim, o conhecimento religioso ficaria apenas voltado para questões religiosas e espirituais. As demais questões deveriam agora ser explicadas a partir do pensamento racional, ou seja, aquele que fazia uso da razão e que buscava um sentido mais lógico e coerente.
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