As Origens Da Sociologia E Do Positivismo
Prof. Dr. Gilberto A. Angelozzi1
1. Pensando o passado e o presente.
Na música Another day in paradise o cantor e compositor Phil Collins nos fala do encontro de um homem com certa moradora de rua, possivelmente em Londres, que lhe pede ajuda porque está frio e ela não tem onde morar.2
Quem vê Londres ou outros grandes centros urbanos da Europa, em filmes, propagandas ou fotos, geralmente não vê essa Londres onde surgem os pobres e os moradores de rua.
Mesmo assim, a Grã-Bretanha, que faz parte do G-8, ou seja, do grupo dos oito países mais ricos do mundo, enfrenta também essa dificuldade. É claro que nem se aproxima das taxas de pobreza da América Latina ou da África, por exemplo.
Segundo relatório da ONU, na América Latina e no Caribe o crescimento econômico de 2004 não impedirá que 224 milhões de pessoas, ou seja, 43,2% da população, vivam abaixo da linha de pobreza.3 E ainda, que 19%, ou seja, 98 milhões, vivam em pobreza extrema, sem renda suficiente para comprar alimentos.4
Nesse quadro de pobreza o Brasil é o país que possui a pior distribuição de riqueza na América Latina e no Caribe.
Tais dados se tornam assustadores quando observamos que entre 1980 e 2000 a exclusão social cresceu 11% no Brasil e hoje se concentra nos grandes centros urbanos, onde se verificam as maiores concentrações populacionais.
Os excluídos de hoje são homens e mulheres, brancos, negros, índios e seus descendentes, apinhados nos centros urbanos em busca de melhores condições de vida. Na verdade, são muitos os Pedros pedreiros esperando o trem5, com vontade de voltar para as suas casas simples, com cadeiras na calçada6, e aguardar anualmente a ofegante epidemia que se chama carnaval.7
Nos centros urbanos brasileiros, pobreza e riqueza caminham lado a lado. À noite, as portas dos bancos servem de dormitório para grande número de sem-teto que ao amanhecer partem para outros lugares, a pedir, vender doces e toda sorte de objetos em ônibus,