As origens da Guerra Fria
No capítulo 02 da obra La Guerra Fria, Álvaro Lozano expõe as diferenças existentes em torno da acepção literária dos termos ‘caliente’ e ‘fria’ para assinalar as guerras do medievo europeu. O autor destaca que a guerra fria não teve uma concretude a exemplo das guerras propriamente ditas, mas foi se configurando como uma disputa política e ideológica referenciada partir do engendrado sistema de relações internacionais que modificou a ordem geopolítica no pós-guerra. Segundo o autor, o próprio termo foi cunhado por Bernard Baruch, conselheiro do presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt que utilizou o termo num debate, e popularizado, posteriormente, pela imprensa.
Lozano afirma que há um amplo e complexo debate acerca das origens da guerra fria, mas que esta evolui com o aporte de novas e originais teorias que orientarão o sistema de relações internacionais. O autor adverte para que sejam evitadas interpretações unívocas, visto que uma parte da historiografia define temporalidades diferentes na abordagem do tema, dos quais uma situa a origem da guerra fria no período que antecede a Segunda
Guerra Mundial, especificamente com o advento da revolução soviética (1917) e o ingresso dos
Estados Unidos na Primeira Grande Guerra, conjuntura em que dois sistemas antagônicos são chamados a disputar a hegemonia mundial antes da Primeira Guerra Mundial e durante todo o período de entre guerras (1918 - 1939), defendido por Andre Fontaine.
Segundo Lozano, outros autores situam a guerra fria no contexto do antagonismo entre as visões acerca do futuro do mundo defendidas por socialistas e burgueses, cujas ideias são representadas por Lênin e Wilson, respectivamente. Na avaliação do autor a tese que situa a origem da guerra fria a partir da revolução soviética não é apropriada, visto que o antagonismo entre os Estados Unidos e a União Soviética ainda não tinham adquirido uma dimensão global, mas deve ser situada