origens guerra fria
Luís Nuno RODRIGUES
Departamento de História
ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa
1. A linha ortodoxa ou tradicionalista
As primeiras interpretações do fenómeno "Guerra Fria", nomeadamente das suas origens, surgiram com os trabalhos de alguns autores americanos ainda nos anos 40 e, depois, ao longo da década de 1950. Autores não necessariamente historiadores, muitos deles politólogos ou comentadores políticos, alguns mesmo actores intervenientes no processo histórico. A maior parte deles encontrava-se profundamente marcada pela experiência da segunda Guerra Mundial e pelas dificuldades sentidas pela existência de um poder totalitário (a Alemanha Nazi). Marcados, nomeadamente, pelo "sindroma de
Munique" ou pelo fracasso da chamada política de appeasement seguida para com
Adolf Hitler, política essa que – na sua opinião – teria impedido os líderes europeus e mundiais da altura de se aperceberem das reais intenções de Hitler e que, em última análise, teria sido responsável pelo desencadear da segunda Guerra Mundial. Estes autores tendiam a olhar para o líder soviético Estaline como um ditador totalitário, em tudo semelhante a Hitler, e para a União Soviética do pós-guerra como uma potência em relação à qual seria impossível aplicar as regras tradicionais da diplomacia entre
Estados-Nação.
Esta era uma visão marcada pelos chamados "axiomas de Riga", ou seja, um conjunto de postulados que caracterizava a visão que os círculos governamentais norteamericanos, nomeadamente o Departamento de Estado, tinham da União Soviética em meados do século XX. A designação derivava do facto de ter sido na cidade de Riga, na
Letónia que, durante grande parte dos anos 20 e 30 do século XX, estes funcionários do
Departamento de Estado estudaram e procuraram entender a realidade soviética, sobretudo no período anterior ao reconhecimento diplomático da União Soviética pelos
Estados Unidos, em 1933. Os Axiomas de Riga