As novas relaçoes sociais no espaço de trabalho
DO TRABALHO NO BRASIL NO LIMIAR DO SÉCULO XXI #
Lúcia M. B. Freire## Este artigo analisa parte da pesquisa realizada em função da tese de doutorado de minha autoria (Freire,1998a), tendo como foco central as novas relações sociais desenvolvidas no espaço de trabalho, em face do processo que tem sido denominado reestruturação produtiva [1]. Este processo é instalado no Brasil no final do atual século, sob o despotismo da competitividade provocada pelo mercado globalizado, no atual estágio de acumulação flexível do capital (Cf. Harvey, 1994). O conceito de acumulação flexível, segundo esse autor, refere-se à passagem do modo fordista de acumulação capitalista, dominante de 1920 a 1970, juntamente com o reforço keynesiano a partir de 1945, para um modo flexível, como forma de superar a crise do capital, verificada a partir do início dos anos 70 deste século [2]. O novo estágio é constituído da intensificação de estratégias de distribuição geográfica do capital, da produção e seu controle. Essa tendência, prevista por Marx (1984, p. 293), é facilitada pela tecnologia informacional, sendo hoje denominada de mundialização ou globalização da economia. Nesse processo, a flexibilidade e seus derivados tornam-se as novas palavras de ordem, na denominada reestruturação produtiva, em contraposição à rigidez fordista, superficialmente colocada como responsável pelas contradições inerentes ao capitalismo (Cf. Harvey, 1994, p.135). Desse modo, foi sendo ditada uma nova cultura e ações políticas de inspiração neoliberal no mundo do trabalho, que buscam flexibilizar ao máximo, não somente as estratégias de produção e racionalização, através de novas tecnologias, políticas, processos de trabalho, estoques, tempo de giro do capital, produtos, padrões de consumo, como também as condições de trabalho, os direitos e os compromissos do Estado para com a população, conquistados no período anterior. Nesse novo cenário, o