As Na Es Do Rio
Karasch, Mary C., 1943 - A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850) ; tradução de Pedro Maia Soares. – São Paulo: Companhia das Letras, 2000
O trabalho da autora baseia-se em sua própria pesquisa, das obras de arte de artistas que na época desembarcaram no brasil e aqui ficaram por um bom período, como é o caso de Debret, o qual registrou com traços de realidade a vida escrava na atual cidade carioca, e em registros de embarque e desembarque perante as viagens em navios negreiros, bem como registros do governo no Brasil acerca dos registros desses escravos para posterior venda e encaminhamento para as fazendas dos senhores. Karasch deixa em seu livro, uma rica abordagem sobre as variadas etnias, principalmente da África oriental, donde cerca de 96% (1795-1852) chegaram por meio do tráfico em navios negreiros. Descrevendo os costumes e as características de cada ``nação`` a qual um determinado grupo de africanos pertencia, como é o caso dos congos e dos ambacas. Além disso, a autora destaca a origem de termos considerados pejorativos como é o caso do escravo ser chamado de ´´preto``, enquanto ser chamado de ``pardo`` era motivo de orgulho, já que essa denominação era usada para classificar os escravos descendentes de africanos e europeus. Outro fato que merece ser destacado é o sofrimento cultural por parte do escravo originário do nordeste em contraste com aquele nascido no atual sudeste, com uma formação cultural diferente, o pardo da Bahia era bem diferente do crioulo do maranhão, que tinha pouco em comum com o cabra de Minas Gerais ou com o Botocudo do Espírito Santo. Cor e origem regional dividiam os brasileiros um dos outros, o baiano teria que se adaptar a vida urbana ,aprender um novo dialeto regional e mudar uma cultura regional bastante estranha ao mesmo tempo, para o nordestino rural quanto para o angolano rural.