As máquinas de her
O filme her, dirigido por Spyke Jonze, situa-se em um futuro não datado mas mostra situações do presente. Utensílios, gadgets e sistemas operacionais novos aparecem a cada ano.
Novas necessidades são implantadas na vida cotidiana sem que se note. Os produtos seduzem. Platão diz que artistas e técnicos são impostores e traidores das ideias, pois seduzem maliciosamente os homens a contemplar ideias deformadas. Os artistas e técnicos de hoje em dia são os designers. No texto Sobre a palavra Design Flusser usa de conceitos etimológicos para explicar o sentido atual da palavra design. O designer é um projetista, que usa da técnica para engendrar mecanismos. Ou seja, ele usa de artifícios para projetar armadilhas. A primeira "máquina" que é mostrada em her é uma nova profissão: a do escritor de cartas pessoais. O cliente manda informações, fotos e o que ele pretende com a carta. O escritor a redige (ou dita) de forma poética. Theodor, o protagonista, trabalha como escritor em uma agência de escritores de cartas. É um trabalho de um impostor. Ele engana o destinatário da carta por fingir ser o remetente. Ele escreve cartas para o filho que não é dele, para a namorada que não é a dele, para o amigo que não é o dele.
O segundo artifício é o que parece ser um software comandado por voz que se encontra instalado no celular de Theodor. O software o ajuda em tarefas práticas como ler e apagar e-mails.
O terceiro artifício é apresentado na forma de um sistema operacional com inteligência artificial. Ele se molda e aprende à medida que o usuário o experimenta. O nome que o OS adota é Samantha. E Samantha começa a conversa com Theodor como um serviçal conversa com seu mestre. Formal, o ajuda em tarefas práticas: organiza arquivos do computador, lê e deleta e-mails, corrige ortografia. Faz a mesma coisa que o agora obsoleto software fazia, mas com a diferença que se mostra no decorrer do enredo: Samantha aprende, evolui. Passados alguns dias, Samantha fica íntima