Resenha Filme Her
Mais uma ficção científica do que um romance, o filme “Her” se passa num futuro não muito distante do ano em que foi produzido (2013) quando um sistema operacional dotado de inteligência artificial passa a facilitar a vida de seus operadores nas tarefas diárias e auxilia-los em questões emocionais criando vínculos de amizade e até amorosos com os seres humanos. A relação protagonista no filme é entre o escritor Theodore, que personifica grande parte das características da sociedade ocidental do século XXI e o sistema operacional Samantha. Traumatizado por uma separação recente, da qual se recusa a consumar o divórcio, Theodore é inseguro e introspectivo, duas das consequências mais marcantes do nosso tempo em que as relações humanas são terceirizadas pelos meios de comunicação, fenômeno também simbolizado no filme pela profissão do personagem: escrever cartas sob encomenda para pessoas entregarem a seus entes queridos, alguns casados há anos. Ironicamente, Theodore da provas as pessoas para as quais escreve com outra assinatura, sendo que o seu casamento foi arruinado, justamente, pela dificuldade dele de expressar seus sentimentos a sua mulher. Ao adquirir o sistema operacional, feito de acordo com as características de Theodore a partir de uma curta autodescrição, o rapaz se sente imediatamente amparado em suas necessidades sentimentais com uma companhia constante que não exige dedicação nem tem a necessidade de opinar e ser ouvido que as mídias sociais tentam proporcionar. No fundo, o filme mostra que, apesar da companhia constante smartphones e nas mídias sociais, as pessoas na verdade passam o tempo gritando sozinhas em um grande vazio, onde todos falam ao mesmo tempo, porém nada permanece, tudo é fluido como foi descrito por Baumann em sua obra “Modernidade Líquida”. Com o decorrer do filme, as relações entre humanos e O.S’s se popularizam e começam a se evidenciar dificuldades e contradições. Surgem novas adaptações sexuais como pessoas