As Formas Elementares da Vida Religiosa de Durkheim
Durkheim começa falando que, mesmo tendo analisado uma pequena sociedade, ou que podemos chamar de sociedade menos complexa, o resultado também se aplica a outras formas mais complexas de vida social, no que concerne à religião. Porém, o que se deve levar em consideração é que, como ele diz, “[...] é inconcebível que, de acordo com as circunstâncias, o mesmo efeito possa ser devido, ora a uma outra causa, a menos que, no fundo, as duas causas sejam única” (DURKHEIM, Émile. 1989). Ou seja, se a causa de determinado fenômeno pode ser percebida cientificamente (sociologicamente), não há razão para supor que ela não se aplicaria a outra realidade (povos), com as mesmas ideias e características fundamentais, no caso a religião.
I
Muitos teóricos, em seus estudos à cerca da religião, deram grande importância às representações e crenças, as considerando essenciais para o seu entendimento. Tudo por que partiram do pressuposto que a este estaria em paralelo à ciência, no que diz respeito à compreensão da realidade. O que, para Durkheim, foi um equívoco, pois “a verdadeira função da religião não é nos fazer pensar, enriquecer nosso conhecimento, acrescentar às representações que devemos à ciência, mas nos fazer agir, nos ajuda a viver” (DURKHEIM, Émile. 1989). Dessa maneira, a religião seria uma forma de fulga da realidade dolorosa e meio para salvação de tal condição. Sendo assim, a fé será um fator preponderante, pois os objetos e ritos são meios de exercício dessa fé. Tal sentimento então, só pode ser mantido pela ação, ou seja, pelo exercício e repetição que o mantem e o fortalece.
Para o autor, esse sentimento deve ser explicado não do ponto de vista dos objetos e representações, que privilegia os sentidos, mas estudá-los a partir da sua constituição: natureza dos corpos e de suas propriedades. Com base nisso, chega a conclusão de que a religião é fruto da sociedade, que através da ação comum entre os indivíduos gera valores morais que influenciam a