As Formas Arquitetonicas e suas Geometrias
Embora o arquiteto dinamarquês seja mais conhecido por sua Ópera de Sydney, e realmente esta tenha sido seu projeto mais importante, um olhar sobre suas outras obras, desde os anos cinqüenta e mesmo já nos anos setenta, revelará sempre qualidades comparáveis à sua obra prima.
A virtude maior de Utzon esteve sempre na capacidade de abordar temas e escalas de projeto completamente diversos com a mesma competência.
Muitos projetos do início de sua carreira, a começar pela sua própria casa e principalmente seus conjuntos de residências, que caracterizam sua atuação no fim da década de cinqüenta e início dos sessenta, investigam sobre o tema da habitação. Este tema de larga tradição na arquitetura nórdica é tratado de maneira exemplar, não desprezando a referência tanto vernácula quanto erudita local, principalmente baseada em Aalto.
Utzon introduz arquétipos arquitetônicos importantes para a solução dos conjuntos habitacionais trazidos de suas viagens a países e culturas distantes, como Marrocos, China e México. Agrega a isto referencias modernistas de primeira geração, de vertente miesiana, expressas em seus projetos de casas isoladas, e Wrightiana, em seus conjuntos residenciais.
Nestes projetos comparece sempre a tradição escandinava no que diz respeito a este tema. Para esclarecer esta idéia convém citar Montaner e seu conceito de lugar, como “a adequada relação entre a pequena escala do espaço interior e a grande escala da implantação” (1). No tema da casa, esta idéia está expressa com precisão por Utzon, que herdou tal abordagem de Aalto, que por sua vez a herdou de Asplund. Todos estes interpretam o tema da moradia, um pouco como o sugestivo título de um ensaio que Markku Lahti, diretor do Museu Alvar Aalto, escreveu sobre as casas de Aalto: “Paraísos para pessoas comuns” (2). Parece ser este o objetivo perseguido. Há uma