As estruturas econômicas da Idade Média
O período entre os séculos IV e X foi caracterizado pela pobreza demográfica, pequena produtividade agrícola e artesanal e retração do comércio e da economia monetária. Para a historiadora Renée Doehaerd esse fenômeno era a “escassez endêmica” e acontecia sobretudo pela baixa densidade demográfica. Ou seja, faltava mão-de-obra para a produção.
No setor primário a economia era a agrária dominial*, que funcionava a partir da divisão da área em duas partes. A primeira era explorada diretamente pelo senhor, por isso chamada de terra indominicata ou reserva senhorial. A segunda era o conjunto de pequenas explorações camponesas, a terra mansionaria ou mansus, que era subdividida entre mansi serviles (ocupados por escravos) e mansi ingenules (ocupados por camponeses livres). A terra era dividida em mansos de aproximadamente 15 hectares. Para morarem nas terras os camponeses entregavam algumas moedas e produtos aos senhores e pagavam a maior parte em serviços. Esse sistema favorecia os senhores, já que a mão-de-obra era escassa e eles não tinham dinheiro para pagar a todos. Por isso o autor diz que a prestação de serviço era a essência do regime dominial. “Graças a ela o senhor obtinha o necessário de sua terra, mobilizando em seu favor uma considerável força de trabalho.” Esse regime passou a se descaracterizar a partir da substituição dos serviços por pagamentos em dinheiro, principalmente a partir do século IX.
As grandes propriedades pertenciam à Coroa, à nobreza e à Igreja. Esta era a maior detentora de domínio, pois, graças ao celibato, suas terras não sofriam partilhas por herança. Essas riquezas fundiárias estavam espalhadas por regiões diferentes.
Quanto à mão de obra escarava nos trabalhos do domínio, Marc Bloch