As Equipes de Saúde da Família e a Violência Doméstica Contra a Mulher: um olhar de gênero
INTRODUÇÃO.
1.1 PROBLEMA DE ESTUDO: VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA AS
MULHERES
A violência é um dos fenômenos que nos últimos anos aflorou no cotidiano e no imaginário mundial como um dos maiores, mais complexos e graves problemas sociais contemporâneos, sobretudo nos centros urbanos. Apesar disto, ainda carece de estudos, pesquisas e definições políticas para ser enfrentada em toda a sua magnitude e complexidade. Considerada pelos estudiosos como um fenômeno complexo e de difícil conceituação, a violência pode ser entendida como todo evento representado por relações, ações, negligências e omissões realizadas por indivíduos, grupos, classes e nações que ocasionam danos físicos, emocionais, morais e/ou espirituais a outrem. Suas raízes se encontram nas estruturas sociais, econômicas e políticas, bem como nas consciências individuais (1).
A violência é um fenômeno de grande complexidade e múltiplo, de modo que encerrá-la numa definição, única e fixa, é simplificá-la “correndo o risco de compreender mal a sua especificidade histórica”. Os estudos científicos ainda não chegaram a um consenso sobre suas causas, nem a filosofia popular e nem os filósofos eruditos têm uma última palavra sobre o seu significado. Por se tratar de um
“fenômeno da ordem do vivido e cujas manifestações provocam uma forte carga emocional em quem a comete, em quem a sofre e em quem a presencia” apresenta dificuldades para sua conceituação (2).
Sabe-se que a violência se nutre de fatos políticos, econômicos e culturais, presentes nas relações micro e macrossociais, o que significa que só pode ser estudada dentro da própria sociedade ou relação na qual é gerada. Quando se analisam os eventos violentos, evidencia-se que “eles se referem a conflitos de autoridade, a aniquilamento do outro e que as suas manifestações são aprovadas ou desaprovadas, lícitas ou ilícitas, segundo