Artigos Cientificos N o Existe Tratamento 02 01 2011
Antônio Geraldo da Silva
No início de dezembro, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) divulgou uma pesquisa, em que ouviu 71% dos municípios brasileiros (por meio das secretarias de saúde), e identificou que em 98% existem relatos de problemas relacionados às drogas e/ou crack. Diante da questão se a cidade possui algum programa de combate ao crack, 91,57% responderam que não. Perguntados se conseguiram firmar convênio com o Governo Federal para receber recursos do Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, lançado em maio deste ano, apenas 3,39% afirmaram que se beneficiam da ação. Prova disso é que, segundo divulgado nesta semana, o plano teve uma execução de apenas 2% do programado (R$ 2 milhões de 99 previstos).
Esses fatos demonstram que temos um grave problema social e de saúde e que o Governo não consegue reagir. Mas como a situação atingiu níveis tão alarmantes? Vista exclusivamente pelo ângulo da saúde, que envolve a prevenção e o tratamento, a tragédia se deu por um misto de incompetência e irresponsabilidade.
Para entender esse quadro é necessário analisar as decisões (e suas motivações) tomadas na área de saúde mental nos últimos vinte anos. Neste período o Ministério da Saúde vem patrocinando o que ficou conhecido como “reforma psiquiátrica”, um movimento imposto por “militantes” e “movimentos sociais” que, por trás de uma fachada humanitária, busca a defesa de interesses ideológicos e corporativistas em prejuízo da saúde da população e ao arrepio dos conhecimentos técnicos e das evidências científicas.
O objetivo central desse grupo é afastar os médicos das decisões e do dia-a-dia da saúde mental no Brasil; e ocupar esse vácuo com profissionais de outras áreas, coincidentemente mais alinhadas ao Poder. É um bom negócio para os interessados, pois atende a necessidades corporativistas/sindicais de um lado e compensa um déficit ideológico que o Governo tem com parte da