Artigo

INTRODUÇÃO
Conforme a definição do Dicionário de Política a “expressão Sociedade civil teve, no curso do pensamento político dos últimos séculos, vários significados sucessivos [...] (originalmente) Sociedade civil contrapõe-se a ‘sociedade natural’ sendo sinônimo de ‘sociedade política’” (BOBBIO, 1998, p.1206).
Dada a sua complexidade, o tema “é frequentemente reavaliado nos seus pressupostos em contextos históricos diferentes, adquirindo uma riqueza de significações e amplo leque de possibilidades interpretativas” (RAMOS, [20--?], p. 2).
Assim sendo, o presente artigo talvez peque por apresentar de maneira demasiado sucinta – quiçá simplista – o conceito de cidadania, bem como as atribuições da Sociedade civil na esfera pública sob a perspectiva de três dos maiores pensadores políticos de todos os tempos.
Sem a menor intenção de apresentar uma visão generalista, porém, sem base conceitual para tratar de maneira adequada sobre esses autores, bem como a amplitude do tema proposto, espero que este artigo haja atingido seu objetivo, que é: apresentar e relacionar de maneira inequívoca e contundente o conceito de cidadania sob a perspectiva de Cícero, Maquiavel e Rousseau.

Concepção ciceroniana:

Cícero (106AC-43AC) foi um dos maiores pensadores romanos de sua época e grande influência para o pensamento político de todos os tempos. Em sua obra “Da República”, ele apresenta e defende, em forma de diálogo, o que ele considera o sistema político ideal.
Nessa obra, primeiramente, Cícero identifica o que ele chama de ”três sistemas primitivos de governo”: monarquia, aristocracia e constituição popular. Em cada um desses tipos de governo, ao povo (ou cidadãos) cabe uma atribuição diferente: [...] na monarquia, a generalidade dos cidadãos toma pouca parte no direito comum e nos negócios públicos; sob a dominação aristocrática, a multidão, apenas livre, está privada de qualquer meio de ação, e mesmo de deliberação; por último, quando o povo assume todo o poder