Artigo
A diretora e atriz Carla Camurati teve a coragem de fugir da austeridade dos textos enfadonhos dos livros de história para realizar, com muito bom humor e escracho, o filme Carlota Joaquina – Princesa do Brasil. Sem pudores diplomáticos, a trama é narrada em inglês por um homem que conta a história para uma menina, numa visão pouco respeitosa, numa ótica inglesa.
Ainda em tenra infância, a infanta Carlota Joaquina Teresa Caetana de Bourbon e Bourbon demonstrava vasto conhecimento sobre as artes, a Bíblia, História, Geografia, dentre outros ramos do conhecimento. No entanto, a despeito de todo seu refinamento cultural, era voluntariosa, vaidosa, arrogante e rude. Joaquina, ainda criança, pediu à mãe que mandasse um artista pintar seu retrato com um vestido vermelho, para que a sua tela substituísse a da linda infanta espanhola Margarida. Carlota insistia em afirmar ser mais bela que a outra princesa.
Joaquina é enviada, inicialmente, a Portugal, para se casar, em 1785, com apenas 10 anos de idade, com o então infante D. João Maria de Bragança (futuro D. João VI), de 16 anos. A princesa de Espanha, à época, era considerada a mais feia infanta da Europa e, pelos retratos de seu consorte, nota-se que D. João também não era propriamente referência de beleza masculina. A união tinha o objetivo de selar uma aliança política entre as duas coroas. Na noite de núpcias, a geniosa princesa mordeu a orelha do marido e atirou-lhe um castiçal. Apesar de ter aceitado o casamento como símbolo de aliança entre os dois países, Carlota jamais viria a amar D. João VI e o filme a retrata como uma mulher adúltera, de apetite sexual voraz e cheia de amantes.
Atrelada a um casamento arranjado, seu fardo foi enfrentar um marido glutão, que vivia com os bolsos cheios de farofa e pedaços de frango. Idiotizado, o herdeiro do trono português se viu atirado às mãos de Carlota e fadado a ceder, por vezes, aos caprichos e extravagâncias