artigo
Túlio Dornas de Oliveira¹ (tuliodornas@yahoo.com.br), José Eugênio Côrtes Figueira¹ e André Hirsh²
1 - Laboratório de Ecolo gia de Populações, Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de
Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
2 - Laboratório de Mastozoologia e Manejo de Fauna, Instituto de Ciências Biológicas da Universidade
Federal de Minas Gerais
Introdução
A APA Carste de Lagoa Santa pertence ao domínio do cerrado, onde se encontram formações florestais estacionais semideciduais geralmente associadas às dolinas (depressões onde se acumula água) juntamente aos afloramentos calcários onde se desenvolvem as Florestas Estacionais Deciduais, as chamadas matas secas (Herman et al. 1998). Além do destaque na paleontologia mundial com os achados de Peter Lund no meados do séc. XIX como Luzia, o primeiro fóssil hominídeo das Américas, a região da APA Carste é considerada como área de importância biológica extrema para conservação de aves no estado de Minas
Gerais (Biodivérsitas e CPRM, 1998). Dornas-Oliveira (2004) registrou a ocorrência de três espécies de aves aquáticas ameaçadas de extinção para o estado de Minas Gerais na região: Mycteria americana (Cabeça seca), Ajaja ajaia (Colhereiro) e Sarkidiornis melanoto (Pato de Crista). A prevalência do relevo e solo cársticos permite à região a formação de um importante sistema de lagoas, aproximadamente 60, que com o transcorrer do ano passam por um período de cheia, no auge da estação chuvosa, e outro de vazante, no período de estiagem chegando algumas lagoas a secar por completo (Piló 2003). Fica assim caracterizado uma marcante sazonalidade (Kohler 1989), que conduz à grandes oscilações anuais no nível das águas das lagoas, promovendo uma diversificação de habitats nas lagoas atraindo uma quantidade muito grande de espécies de aves