artigo
Creio que o primeiro compromisso desta reflexão seja esclarecer o tema. A afirmação de uma espiritualidade bíblica numa sociedade Pós-Moderna, reconhece a presença de um fenômeno com características globais, embora mais ocidental do que oriental, conhecido a partir da década de 70 como pós-modernismo. Em seguida, o tema afirma ou pretende afirmar a natureza, o lugar, a função, relações e desafios de uma espiritualidade fundada nas escrituras neste chamado mundo pós-moderno.
O cenário histórico da espiritualidade mundial passou por três grandes fases (esta classificação corre o risco inerente a toda classificação e periodização): a primeira, a fase das explicações sagradas, mediante as quais a natureza, o homem e a sociedade eram interpretados sob a ótica (premissa) religiosa. Nada mais além da compreensão mística explicava o mundo, e fora desta explicação nenhuma outra sobrevivia. Essa fase nasce com o tribalismo primitivo das mais rudimentares formas de associações humanas, é continuada com o surgimento das civilizações e homogeneizada pelo cristianismo do século IV ao século XV.
A segunda fase substitui as explicações religiosas pelas explicações racionais - dilaceramento do sagrado. É decretada a morte de Deus. Nela, apenas o argumento racional tem validade. A razão última da filosofia clássica que buscava, no Espírito Absoluto as explicações para o cosmo, é descartada. Não existe outra razão senão a humana, e nada existe fora da razão (este argumento colocava a manifestação religiosa em pé de igualdade com a ignorância, a alienação, a estupidez); é bem verdade que há um tipo de religiosidade que pode ser comparada a isto ou a coisa pior. Com advento do racionalismo e o consequente advento da modernidade passou-se a rejeitar a realidade como uma condição imposta pela natureza (algo dado) e passou-se a afirmar o homem como um ser capaz de transformar a realidade.
A modernidade constituiu um período marcado por