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RAMB-98; No. of Pages 3
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Revista da
ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA www.ramb.org.br Ponto de vista
Terminalidade e cuidados paliativos em terapia intensivaଝ
End of life and palliative care in intensive care
Antônio Cláudio do A Baruzzi e Dimas T Ikeoka ∗
Hospital TotalCor, São Paulo, SP, Brasil
informações sobre o artigo
Histórico do artigo:
Recebido em 22 de outubro de 2012
Aceito em 3 de junho de 2013
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A história da humanidade tem sido marcada por diferentes
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abordagens no que se refere ao reconhecimento da doenca grave, do processo da morte e do morrer. O modo de lidar com essas realidades pode diferir amplamente dentro do espectro das diferentes culturas, mas também em diferentes épocas dentro de um mesmo grupo social. Do passado das civilizacões
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ocidentais chegam-nos relatos do momento da morte em que a regra era que pessoas gravemente enfermas permanecessem em suas casas, rodeadas por familiares até o momento do desfecho final. É o que descreve, por exemplo, a psiquiatra Elizabeth Kübler-Ross, uma das mais importantes pesquisadoras do processo da morte e da terminalidade, em sua autobiografia intitulada ‘A roda da vida’. Ela nos relata a maneira pela qual pôde vivenciar o momento da morte de um amigo próximo da família que, após grave acidente, foi desenganado pelos médicos: “No hospital, os médicos disseram-lhe que nada podiam fazer e, sendo assim, ele insistiu em ser levado embora para morrer em casa. Havia tempo mais do que suficiente para a família, os parentes e amigos despedirem-se dele. No dia em que fomos visitá-lo estava cercado pela família e pelos filhos.
Seu quarto transbordava de flores silvestres e a cama tinha
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sido colocada em uma posicão que lhe permitia ver pela janela
seus campos e árvores frutíferas, literalmente o fruto de seu trabalho que sobreviveriam com o passar dos anos. A dignidade, o amor e a