Artigo a noção de representação em Durkheim
O propósito do artigo é investigar a gênese e a construção da noção durkheimiana de representação, de sua origem no neocriticismo francês à incorporação numa sociologia do conhecimento capaz de resolver os impasses implicados na epistemologia kantiana.
Palavras-chave: Émile Durkheim; organização; epistemologia kantiana.
ABSTRACT
This paper presents an analysis of Durkheim's concept of representation, tracing its origin to the French neocriticism. Durkheim incorporates the concept into a sociology of knowledge that aims at solving the shortcomings of Kantian epistemology.
Keywords: Émile Durkheim; representation; Kantian epistemology.
A publicação da última das grandes obras de Durkheim, As formas elementares de vida religiosa, em 1912, cristaliza um movimento de inflexão em sua obra que, entre outros aspectos, caracteriza-se pela passagem da consciência coletiva para as representações coletivas como conceito-chave da análise sociológica. A ênfase se desloca da morfologia social, cujo mecanismo é o principal fundamento explicativo dos fatos sociais na Divisão do trabalho social, para a valorização do simbolismo coletivo como princípio fundante da realidade social. Conforme a metáfora presente no artigo de 1911, "Julgamentos de valor e julgamentos de realidade", a mudança desloca a ênfase do corpo (morfologia) para a alma (ideais) da sociedade; dos determinantes estruturais para aquilo que era apenas produto dessa determinação. É certo que tal movimento, visível ao menos desde O suicídio, de 1897, em que o autor afirma que a vida coletiva é feita essencialmente de representações, não passou despercebido pelos estudiosos da obra. No entanto, dada a importância heurística da noção, creio que um estudo sobre sua gênese contribui para esclarecer o sentido do projeto durkheimiano de superação do discurso filosófico – ou, mais precisamente, de substituição da epistemologia kantiana por uma sociologia do conhecimento. Note-se que o primeiro título