(artigo) Lipovetsky - Sedução, Publicidade e Pós-modernidade
Sedução, publicidade e pós-modernidade RESUMO
Sedução, publicidade e pós-modernidade, ao contrário do que indicam os seus críticos, não representam os pilares da expoliação neoliberal de consumidores ingênuos. Neste texto, o autor mostra que pode existir um conteúdo de emancipação nessa tríade tão condenada.
ABSTRACT
Contrary to what their critics hold, seduction, advertising and postmodernity are not indicative signs of a neoliberal conspiracy aiming at the expoliation of naive consumers. In this text the author shows that the above triad, even though despised by many, can have an emancipatory role.
Gilles Lipovetsky
Filósofo, autor de O Império do efêmero e de A Era do vazio.
Professor em Grenoble, França
EXISTEM TERMOS QUE, mesmo enraizados e aceitos numa determinada época, incomodam os intelectuais. Sedução, publicidade e pós-modernidade formam um trio capaz de atingir a sensibilidade da maioria dos pensadores politicamente corretos. É sempre útil e tranqüilizador atacar essa tríade suspeita de ser responsável por boa parte dos males do capitalismo contemporâneo. Mas o que há de sério e de verdadeiro nisso tudo? Para muitos, abordar os aspectos positivos da moda, o que fiz em O Império do efêmero, significa estar de acordo com o consumismo enquanto mal supremo deste final de milênio. Tenho dito que não me incomoda nenhum pouco legitimar a sociedade de consumo. Sou favorável a ela. Critico, em contrapartida, o fato de a sociedade de consumo não conseguir incluir todos os indivíduos na sua esteira. O problema é a exclusão, não o consumo. Dito de outra forma, criticável não é a extensão da sociedade de consumo, mas o seu déficit. De resto, por sociedade de consumo não se deve entender simplesmente um individualismo egoísta e o reino dos shopping centers. Há também, na atualidade, um retorno da religião, uma preocupação com a identidade, com o reconhecimento e a valorização de si, com a aceitação do outro. De maneira