Azul
Igor Zanoni Constant Carneiro Leão
RESUMO - Este artigo-resenha apresenta um dos mais importantes livros do filósofo francês
Gilles Lipovetsky, marcado por uma ambiguidade entre uma compreensão mais acurada dos conceitos de comportamento, cultura e consumo e um esquecimento de conflitos reais nas sociedades modernas, que esses conceitos não podem e não devem mascarar.
Palavras-chave: Pós-modernidade. Democracia. Liberalismo.
O filósofo francês Gilles Lipovetsky começou como um pensador do luxo acessível às camadas crescentes da população nas sociedades europeias na era do apogeu do estado de bem-estar, passando logo a um pensador de temas correlatos, como a moda, a publicidade e a mídia, para em seguida estudar a política e as relações do indivíduo consigo mesmo e com essas esferas no final do século XX. Dentro de sua obra, O Império do Efêmero - A moda e seu destino nas sociedades modernas, publicado na França em 1987 e no Brasil em 2009, destaca-se como um painel de um pensamento ao mesmo tempo rebelde às tradições críticas clássicas e uma defesa do individualismo democrático daquelas sociedades. Seu objetivo não é estudar as camadas sociais situadas no topo da pirâmide de renda e propriedade, os 10% mais ricos, mas o acesso do bemestar e do luxo a grandes camadas da população logo abaixo destes. Sua tese pode ser resumida como a afirmação moderna de uma descontração das atitudes, gosto pela intimidade e pela expressão de si, ligados à galáxia dos valores democráticos - autonomia, hedonismo, psicologismo
- impulsionados pela cultura de massa e pela moda na sua expressão mais recente.
O autor retoma a análise de Veblen, segundo a qual a moda liga-se à rivalidade social, ou seja, o consumo das classes superiores obedece em essência ao esbanjamento ostentatório, a fim de atrair a estima e a inveja dos outros. As classes superiores, para conquistar e conservar honra e prestígio, devem fazer