artigo - Grafar corretamente uma questão social
A ortografia é a capacidade de o aluno recordar palavras corretas ou formas linguísticas socialmente aceitas. A ortografia está, pois, associada à questão de variação linguística, às formas de determinada classe social e, como sabemos, a escrita escorreita, é uma forma particular de escrita da classe dominante, emergente cultural e economicamente.
Dizendo de outro modo: Quando escrevo “caza” em vez de casa, “pretenção” por pretensão, “excessão” por exceção e assim por diante, se notarmos bem, a escrita desviada do padrão gramatical não vai gerar ou acarretar, a partir da escrita ortográfica produzida pelo usuário da língua uma pronuncia ou produção de fonemas diferentes, uma vez que as letras e grafemas (acentos gráficos) que representam os fonemas ou sons da fala, nos casos acima, reproduzem fielmente a maneira como articularíamos a palavra na forma ortográfica correta no nosso dialeto. Quando a grafia errada se distancia do que produziríamos na fala, isso ocorre porque o falante, no uso individual da língua, isto é, na sua expressão oral, já produz uma fala defeituosa e, apenas, na escrita, transfere a sua disortografia (dificuldade de ortografar).
Muitas destas alterações convergem a disortografia com a dislexia, a ponto de, para muitos autores, a disortografia ser apontada como uma sequela da dislexia. No entanto, a disortografia, assim como outros distúrbios de aprendizagem, não é considerada uma doença. Trata-se de uma dificuldade que pode ser contornada com acompanhamento adequado e direcionado às condições de cada caso. É necessário que se perceba consciente que a pessoa realiza ao tentar atingir a escrita ortográfica, e que pensar sobre ortografia faz com que ela adote estratégias gerativas, que resolvam o problema de opção ortográfica não apenas para uma palavra, mas para um conjunto de palavras com características similares.
Autora – Professora Denise Calegari – Artigo