Artigo - física - calor
proliferaram diversas hipóteses no tocante à natureza do calor, tais como, o fogo
como o produtor de calor (HOPPE, 1928, p. 276-7) e o calor como a causa da
evolução do universo (BERNAL, 1976). Heráclito de Éfeso (535-470 a.C.)
considerava o fogo como o elemento responsável pelas transformações do universo:
todas as coisas são permutas do fogo, disse ele. Platão (427-347 a.C.) defendia a
hipótese de que em geral o movimento produz o calor. Aristóteles (384-322 a.C.)
aceitava que o fogo estava contido em todas as substâncias combustíveis, e delas se
desprendia sob a forma de chamas. A partir desse período, nota-se uma preocupação
em diferenciar o calor e o fogo.
Somente no século XIII, Roger Bacon (1214-1294) considerou o
movimento interno das partículas do corpo como sendo a causa do calor, na medida
em que: os esforços contrários das partículas constituem o calor (HOPPE, op. cit.,
p. 278), ainda que não estivesse muito claro em suas palavras se é o calor que é
movimento ou se o movimento é que produz o calor.
Johannes Kepler (1571-1630) e Galileu Galilei (1564-1642), apesar de
viverem na mesma época, tinham posições contrárias quanto à idéia de calor.
Kepler compartilhava das idéias de Bacon, afirmando que o calor era um
movimento das partes dos corpos. Galileu, a exemplo de Bernardino Telesius
Cad. Brás. Ens. Fís., v. 22, n. 3: p. 379-399, dez. 2005 381
(1508-1588), considerava o calor como uma espécie de fluido. Por outro lado,
Pierre Gassendi (1592-1655), um adepto do atomismo de Epicuro e Lucrécio,
concebia duas matérias térmicas distintas: uma produzindo calor, outra frio. Idéias
semelhantes haviam sido expressas muito antes por Lucrécio (95-55 a.C.),
identificando na sua obra De Rerum Natura duas substâncias distintas: o calor que
está no Sol e o frio que está nos rios.