ARTIGO DE MALARIA
Erradicada de muitos países, a doença persiste em regiões pobres. Métodos de tratamento e prevenção podem acabar com ela
SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL
Claire Panosian Dunavan
Há muitos anos, em Gâmbia, um menino de 2 anos chamado Ebrahim Samba quase morreu de malária. Hoje, ele se recorda disso toda vez que olha no espelho. Sua mãe - que já havia enterrado outros filhos antes - fez cortes em seu rosto numa tentativa desesperada de salvá-lo. O garoto sobreviveu e mais tarde veio a se tornar o diretor regional da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Obviamente, não foi a sangria que salvou Samba. A questão é: o que foi então? Teria sido a variedade específica do parasita que o infectou, sua constituição genética ou imunológica, ou sua situação nutricional? Depois de séculos de combate à malária - bem-sucedido na maior parte do mundo - é impressionante o número de dúvidas que restam sobre esse velho flagelo. Contudo, há motivo para esperança. Pesquisadores estudam sobreviventes da doen-ça e rastreiam várias pistas para desenvolver vacinas. E o que é mais importante, recursos comprovadamente eficazes, como mosquiteiros para cama tratados com inseticida e outras estratégias antimosquito, aliadas a uma nova combinação de drogas com uma tradicional erva chinesa, estão sendo adotados com maior intensidade.
Nos próximos anos, o mundo precisará de todas as armas que puder recrutar contra a malária. Afinal, essa doença, além de matar, bloqueia o desenvolvimento econômico e humano. Combatê-la tornou-se um imperativo internacional.
Vilão Africano
Quatro espécies principais do gênero Plasmodium, o parasita da malária, podem infectar o homem, e pelo menos uma delas ainda abrange todos os continentes, com exceção da Antártida. Na virada do século passado, a Ásia registrava o maior número de doentes e mortes. Contudo, hoje a situação é mais grave na África subsaariana. A região é o maior santuário de P. falciparum - espécie mais letal para o homem - e