Artigo Cinema Brasileiro Era 2000
Há alguns anos, a ideia era a de que éramos um país que ficava muito longe, numa periferia perdida, selvagem, precário e hipererotizado. Éramos como tudo o que fica abaixo do Equador, "o Outro", o desconhecido. Sempre que se falava de cinema, música, artes visuais ou literatura produzida no Brasil, à percepção no exterior era a de um país distante e exótico, como se fôssemos uma espécie de quintal tropical. Até que um dia tudo começou a mudar. O cinema abre margem para novos horizontes e parâmetros, a bilheteria cresce e os questionamentos aumentam.
PALAVRAS-CHAVE: cinema brasileiro; era 2000; mudança; novos horizontes
1 INTRODUÇÃO
Entramos na segunda década do século 21. Parece que os anos 00 passaram rápido demais, na velocidade em que se manda uma mensagem pela internet. De um lado, passamos a fazer mais filmes, tanto de ficção como documentários. Em 2000, foram produzidos um total de 34 filmes em longa-metragem no país. Em 2010, foram 274.
No início da década, a programação de cinema nos jornais, logo depois de os títulos norte-americanos e europeus, havia sempre um parêntese especificando qual era o gênero do filme: comédia, ação, policial, drama. Do lado dos títulos de filmes brasileiros não havia nada, ou seja, a sensação era de que o filme brasileiro era um gênero em si: brasileiro, ponto. Hoje, não é suficiente dizermos simplesmente “cinema brasileiro“. É importante sabermos o gênero.
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2 – OS ANOS 2000 E SUAS QUESTÕES
Na medida em que construímos nossa lista de questões, curiosamente fomos descobrindo que algumas vertentes que nos pareciam a princípios essenciais para a mostra (como a recorrência de filmes sobre esse período da ditadura; a grande presença dos personagens adolescentes e jovens; as novas configurações da eterna questão dos núcleos familiares), mesmo que se confirmassem como presentes e potentes ao longo da década, não chegavam a nos inspirar verdadeiras perguntas para além da sua simples constatação como dados que